Faz um certo tempo, desde que retornei para São Paulo, que minha rotina deu uma cambalhota, meus horários e compromissos pessoais e profissionais ficaram totalmente fora de eixo, e como a gente sempre faz, quem se ofereceu em sacrifício foi meu tempo para cuidar de mim mesmo.
Academia foi pro saco, as corridas desapareceram, a meditação mandou um olá de algum lugar do passado.
E o problema com essas práticas que às vezes a gente toma como “opcionais”, é que elas se retroalimentam da própria ausência. Quanto menos você faz mais difícil é recomeçar. É como tentar voltar a ver uma novela da qual você perdeu duas semanas. Dá preguiça de tentar ficar a par, e quanto mais o tempo passa, mais por fora da história você fica.
Mas pelo menos o problema da novela finda-se em si mesmo. Um dia ela acaba e outra começa.
Já na vida, quanto menos você exercita seu foco e sua concentração, seja para o exercício, seja pra meditação, menos foco você tem, menos produz, e mais tempo gasta pra produzir.
Uma hora essa conta não vai fechar.
A minha conta chegou nesta segunda feira (e que dia seria melhor para iniciar algo do que segunda?). Olhei pra mim mesmo no espelho e me perguntei se dava pra deixar pra amanhã. O espelho respondeu que não dava.
Então eu coloquei o tênis e fui pro parque.
Enquanto eu me dirigia pro lugar onde a sessão de tortura começaria, eu fiquei pensando em paralelos do que eu venho fazendo pela minha empresa. E pensando no que as empresas fazem com seu próprio marketing (e vejam aí o movimento já gerando as sinapses prometidas).
Vejo claramente empresas esperando arrumar toda a casa, deixar tudo limpinho e cheiroso, organizar a vida, e aguardando um momento que, como um tipo de Moisés corporativo, possam abrir uma fenda em seus calendários, como quem abre o Mar Vermelho pro marketing passar. Uma dica de quem já está nesse jogo há décadas: não vai acontecer.
Sobre isso, e ainda usando minha caminhada matinal como exemplo:
- Não existe hora melhor: o que importa é iniciar. Eu sou um bom caminhador. Se dá pra ir a pé, eu prefiro. Gosto de olhar os arredores, perceber paisagens e pessoas, descobrir uma loja nova no bairro, as ideias fluem. E isso dá uma sensação errônea de que está tudo bem. No momento que eu resolvi correr um pouquinho, meus joelhos gritaram como um Coral de Freiras dentro de um convento em chamas. Ou seja, você só entende o tamanho do desgaste das peças com a máquina em movimento. Comece, dê o primeiro passo, e vá aperfeiçoando. NInguém chega em primeiro na primeira corrida da vida.
- Estar no jogo te tira do lugar de conforto. No meio da primeira volta no percurso eu já me perguntava para que diabos aquilo servia. E que só de estar ali já tinha valido, e estava bom, melhor ir pra casa. Mas passou por mim um sujeito com 20 anos mais que eu, e com um braço só, sorrindo. E eu meti meu desconforto no bolso, e resolvi correr mais um pouco. Com sua empresa é a mesma coisa. Se você não colocar a cara no mundo, não vai levar o tapa que vai te acordar.
- Mexa-se. O resto vem. Eu andava travado e sem saber por onde começar uma série de ações que estavam cozinhando na minha cabeça. Meia hora depois da minha empreitada quase esportiva, com alguns podcasts buzinando na minha orelha, tinha planos para mim e para meia dúzia de clientes. Todo mundo saiu ganhando na minha fuga do sedentarismo. Você pode fazer o mesmo pelo seu negócio. Como diria a Nike (e assista a Air, por favor) “Só vai”.
- Torne seu projeto público. O mais público possível. É fácil voltar pra gaveta quando ninguém nem tinha te visto do lado de fora. Quando você vai pro mundo e fala, assume inconscientemente um tipo de compromisso. É por isso que estou aqui, contando minha caminhada como se fosse uma aventura interplanetária. Para que vocês se tornem cúmplices do meu projeto. É por isso que você deve tornar públicos seus planos. Fica mais difícil voltar atrás.
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